A LA, meus amigos, exige técnica, mas, acima de tudo, exige espírito libertador. E por isso que esta é, sem sombra de dúvidas, a competição mais apaixonante do planeta. Nela, tudo pode acontecer!
Nosso time não jogou bem, apesar do ótimo resultado obtido. É verdade que o campo prejudicou muito as atuações de Souza e companhia. Todavia, estas desculpas referentes às condições do gramado, ao vento, à temperatura, etc., não são condizentes com a história da nossa instituição. Deixemos isto para quem tem espírito carioca.
Agora, vamos convir: se o gramado não permite o toque de bola, de nada adianta tentar jogar por meio de tabelinhas e jogadas de aproximação! Qual a solução? Cruzamentos para a área e chutes de longa distância.
Todavia, até para se jogar a bola na zona do fedor ou arriscar arremates de fora da área é necessário qualidade! E aí que reside toda a questão! Bons tempos em que a gente sabia que a bola do Arce tinha endereço certo! Bons tempos que o rebote do Dinho ou do Bonamigo iria, no mínimo, exigir um esforço heróico do goleiro adversário!
Mas os tempos são outros! Com todo respeito: nossos laterais (ou alas como querem os modernos) não tem um cruzamento qualificado. E olha que o nosso avante tem estatura suficiente para servir de referência às bolas alçadas! O nosso meio, não obstante a qualidade do chute do Souza e do Tcheco, pouco arrisca da intermediária. É hora de trabalhar, também, estes fundamentos, meu caro Sir P. A.
No entanto, valeu pelo resultado. Deixamos tudo para o Olímipo, onde o gramado e a torcida fazem a diferença! E, apesar da má atuação, nosso gremismo impede que não tenhamos esperanças na conquista da LA 50 anos!
Mas o ponto forte da noite, além do resultado, foi o comportamento do nosso adversário, que soube louvar as raízes históricas da Copa de San Martin. Aos 3 minutos, um jogador deles se lançou ao solo, após uma leve dividida com o Souza. Lance da catimba e de condicionamento da arbitragem, típico de Libertadores. Depois, nossos suplentes não puderem aquecer, em virtude dos objetos lançados pela fanática torcida adversária! Após o nosso gol, uma literal ducha para esfriar o ímpeto inimigo, com o acionamento do sistema de irrigação do gramado! E, por fim, possivelmente coagido pelo comandante Chávez, o juiz determinou um acréscimo de 5 minutos ao tempo regulamentar! Fantástico! Libertadores pura na veia!
Todas as ações foram contra nós, mas devem ser saudadas, pois devolvem à Copa o charme e as dificuldades que lhe foram retiradas com o advendo do fair play e da valorização do comportamento burocrático e politicamente correto.
A direção tricolor e o nosso técnico condenaram as ações, fazendo jus ao discurso oficial e prudente. Mas todos sabemos: lá no fundo, ficaram felizes, pois a noite fez recordar a velha Libertadores de guerra, tão disputada e desejada. A Libertadores sem anti-doping e sem televisionamento! A Libertadores que se ganhava na bola e no sangue! A Libertadores da década de 80, dos grandes embates! A Libertadores que, muito mais que um torneio comercial, era a disputa para ver quem mandava na América!
Obrigado, venezuelanos, por pemitirem tão saudosas reordações! Somente na terra de Chávez é que poderíamos lembrar o espírito de Simón Bolívar e San Martin!
Dá-lhe copero!