segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Será que houve renovação?

A eleição para o Conselho Deliberativo gremista resultou na vitória esmagadora da Chapa 1 - Renova Tricolor que obteve 100% das 150 vagas. Mas será que houve de fato renovação? Basta um vistazo na nominata que encontraremos os velhos cardeais gremistas e algumas pílulas de sabedoria.

Com a maioria das cadeiras do conselho, a eleição para presidente do clube se encaminha para a indicação de apenas um candidato, Paulo Odone. Fato que já me parece consumado. Em entrevista a um jornal da capital, o futuro presidente informou que pretende fazer uma revolução no futebol tricolor e frisou que não assumiria o clube na segunda divisão. Com relação ao vice de futebol, as especulações apontam para o retorno de Paulo Pelaipe ao cargo.

Onde está a tal da Renovação? Voltaremos no tempo e repetiremos uma administração que teve seus méritos ao trazer o clube de volta à primeira divisão e à final da Libertadores, mas que efetivamente não botou nenhuma taça relevante no memorial em 4 anos. Ou seja, na prática foi igual à gestão do Duda Kroeff.

Além disso, como se pode falar em renovação política quando havia candidatos concorrendo tanto pela oposição quanto pela situação. Isso é incompreensível num processo que se diz democrático. Será que esses candidatos desfilavam pelo largo dos campeões de camiseta metade amarela e metade azul? Ora filando um churras no QG de um, ora petiscando uma calabresa no outro.

A não redução da cláusula de barreira para 20% como em outras agremiações foi decisiva para a falta de pluralidade no conselho, uma vez que as Chapa 2 - Dá-lhe Grêmio e a Chapa 3 - Terceira Via, tiveram 25,11% e 24,4%, respectivamente. Fazendo com que a situação, contrária à redução da cláusula, provasse do próprio veneno e nomes de peso perdessem suas cadeiras cativas no conselho.

Quanto à participação, houve um comparecimento de apenas 10% do associado. Número que considero ridículo. Choveu? E os associados do interior e de outros estados? Em tempos de Internet e outras tecnologias, ou mesmo correio, um clube da grandeza do Grêmio não pode se limitar a disponibilizar apenas papéis e urnas.

Acho que o Grêmio saiu perdendo nesse processo. Não é por causa da vitória de 1, 2 ou 3, porque não apoiava nenhuma das três chapas, mas pela falta da pluralidade.

Quem irá cobrar algo, se a maioria do conselho é da chapa que elegeu o presidente por aclamação? Como haverá a propagada "renovação"? Agora com a maioria, será que a Chapa 1 honrará a proposta de redução da barreira?

Ademais, entendo que o futebol não se administra com grandes revoluções, mas com planejamento de longo prazo. O Grêmio se encontra na atual situação por causa disso. A cada nova administração montamos um novo time e derrubamos tudo o que a gestão anterior fez. No final do ano, teremos outra caça às bruxas, novo treinador (pelo que se diz) e começaremos tudo do zero novamente.

Andamos em círculos.

P.S.: Falando do que realmente importa, saúdo a tão esperada vitória fora de casa contra um dos líderes do Brasileiro. Com autoridade e com o velho estilo gremista.

4 comentários:

Luiz Fernando disse...

Grande Kbcinha!

Em primeiro lugar, quero dizer que tua passagem por POA apenas aumentou a ansiedade dos amigos pelo teu definitivo retorno.

Quanto ao jogo, confesso que fazia tempo que não saíamos tão felizes de uma partida. Nada como ter cada um no seu quadrado: Douglas criando e esbanjando técnica (sem perder o foco e a concentração); Victor pegando pênalti não marcado; R. Marques calando minha boca; Ferdinando nem parecendo Ferdinando; Gabriel deslanchando e daí por diante.

No que pertine às eleições, também queria que a chapa 3 tivesse colocado alguns nomes, em prol da pluralidade e de poder de fiscalização. De qualquer sorte, cumpre parabenizar o grupo de sócios pela iniciativa e ousadia. Quiçá nas próximas eleiçoes, mais preparados e experientes, possam abocanhar a maior parte das vagas do Conselho. PArticularmente, pretendo conhecer este movimento e, de repente, até integrá-lo futuramente.

Olhando a nominata da chapa vencedora, verifica-se a presença de velhos caciques. Mas também é inegável que entrou muita gente nova, que será conselheiro pela primeira vez.

Acho que a presença de velhos caciques e também a possível eleição do Odone para Presidente tem relação direta com o comportamento da nossa geração de gremistas, que aceitou, por muito tempo, de forma passiva, a política fechada e pouco transparente desenvolvida no nosso clube. Nos omitimos e, com isso, ajudamos a coibir o surgimento de novas lideranças, fazendo com que a solução para a Presidência do Grêmio seja uma pessoa que já exerceu o cargo lá nos idos de 1987. Particularmente, assumo esta parcela de culpa.

Embora não seja fã do Odone, penso que se trata de um bom nome PARA O MOMENTO (REPITO: PARA O MOMENTO!). Ademais, não vejo outro nome a ser indicado. E também não vejo ninguém indicando alguma outra possibilidade. E bem ou mal, temos que admitir: o cara é do ramo.

O relhaço levado pela chapa 2, que representava a situação, tem um lado bom: servirá para o amadurecimento e a reestruturação, com o advento de novas idéias, mais modernas. Não entro no maniqueísmo político, dividindo tudo entre o bem e o mal. A chapa da situação era composta por grandes gremistas, que muitos e bons serviços já prestaram ao clube. Todavia, ATUALMENTE, defendiam idéias obsoletas. Não tenho dúvidas de que a derrota levará a uma reflexão e a uma nova concepção sobre o clube.

Não sei a a chapa eleita irá cumprir a promessa de diminuir o percentual da cláusual de barreira. Tomara que sim! Mas só o tempo dirá. A nós, cumpre fiscalizar os novos e os antigos conselheiros, buscando, pelas vias possíveis, cobras as posições defendidas na campanha. A hora não comporta omissões!

Por fim, também quero ver o interior votando, por meio da internet. Mas acho demasiado exigir isso imediatamente, haja vista que o clube recém está adentrando no processo participação popular. Quiçá um dia teremos uma democracia direta, com o associado não apenas votando, mas opinando diretamente sobre os rumos a serem tomados pela instituição.

Forte abraço e parabéns (uma semana em POA e sete pontos conquistados! Só falta trocar as redes!)

Luiz Fernando disse...

E um adendo: a ansiedade referida no primeiro parágrafo, decorre do fato de seres um figura impar e emblemática, que tanto acresce à turma, ao Grêmio e às discussões na mesa de bar.

amarante disse...

Diminuição da cláusula de barreira e urnas no interior para participação do associado são promessas da chapa liderada por Odone e medidas não aprovada na atual gestão. Veremos se serão cumpridas ou não. Por enquanto é precipitado julgar a esse respeito.
Quanto à revolução é a expressão usada para a necessidade de mudanças profundas e estruturais e não com conotação de caça às bruxas ou revanchismo.

Éder Silveira disse...

Sinto que o momento é de alegria, por vários motivos. Me desculpem, mas não partilho a mesma empolgação com o Odone. Acho ele um Alberto Roberto, um cartolão à Eurico Miranda, ainda que um pouco mais controlado. Não gosto nem um pouco dele, até porque usou e muito o Grêmio como trampolim para a sua trajetória política. Mas, vamos lá...