sexta-feira, 23 de maio de 2008

Descaminhos do futebol

Leio com certa desilusão as notícias que dão conta de uma possível desavença entre o Técnico Celso Roth e os jogadores Roger, Perea e Soares. Conforme veiculado no clicrbs, Roth disse o seguinte:

“Tirem a preguiça do corpo, parece que vocês estão sempre brabos uns com os outros. Tu, Roger, parece que carrega dois sacos de cimento”.

Tenho as maiores restrições ao Celso Roth. Não é o técnico vencedor que o Grêmio precisa. Além disso, manifesto mais uma vez aqui que o Roger tem sido o melhor jogador do Grêmio. Entretanto, isso não justifica a repercussão que isso tomou e o modo como foi veiculado na a imprensa. Esse acontecimento aprofundou ainda mais minha desilusão em relação aos (des)caminhos que o futebol tem seguido. Em outras palavras, o futebol tá ficando muito “dodói” para o meu gosto. O técnico pode ser ruim e deve ser cobrado pelas suas decisões, todavia tem a atribuição de cobrar dos jogadores e a forma com que isso será feito não pode ser julgada pelos subordinados. Jogador não tem que ficar melindrado com as palavras do treinador, tem que obedecer e pronto. Caso contrário, corre-se o risco de o jogador se achar maior que o clube. Sou suspeito pra falar, porque sempre simpatizei com uma espécie de militarização de um time, onde jogador é soldado raso e deve ser tratado com rédeas curtas, grito e punição quando necessário. Mas isso é utopia minha. Nos tempos do futebol espetáculo, jogador virou celebridade. Ele decide se vai por o pé ou não, pois tem uma carreira pela frente, almeja ir para a Europa, ganhar mais dinheiro, afinal de contas ele é “um profissional”. Pior de tudo é que a imprensa respalda esses tempos de artificialidade esportiva, de luzes, de tietagem e transforma coisas intrínsecas ao fazer futebolístico em capítulos de novela. Haja saco!. Que saudades do tempo do Felipão. Reza a lenda que nosso ícone de camandante, certa vez pegou Paulo Nunes pelo colarinho e ameaçou partir para a agressão caso o jogador tirasse o pé mais uma vez. É essa concepção de futebol que temos que retomar. Pra mim, criticar o Roth nesse caso é render-se à intragável postura de um futebol politicamente correto.

3 comentários:

Anônimo disse...

O que querem que ele faça? Peça por favor, joguem bola. Esse Roger está sempre dodói do pé, nunca está com 100% da forma física. Acho que ele fez pouco, tem que dar tapa na cara a la capitão Nascimento.

Anônimo disse...

Belo texto Amarante. Concordo com o relatado, com um pequeno adendo, não será normal um técnico se dirigir ao seus comandados dessa forma? Não há um certo exagero pelas aves de rapina da imprensa gaúcha, sempre dispostas a colocar gelo seco na lenha, pra dizer que havia fogo?
Depois acham que o técnico é pouco profissional e inacessível quando realiza treinos fechados...

Luiz Fernando disse...

Primeiramente, apesar do relativo atraso, gostaria de parabenizar o Kbecinha pelo texto, embora não concorde integralmente com as idéias ali constantes (em especial a "visão" neo-clássica sobre educação e liberdade de escolha...mas isso não é objeto de debate neste blog!). Mas, sem dúvida alguma, trata-se de um texto excepcionalmente bem fundamentado e que traz dados interessantes acerca do processo que determinou a proibição da ceva nos estádios.
Quanto ao texto do Amarante, concordo com a opinião de vcs todos...essa história de jogador intocável e "incriticável" tem que terminar. O cabresto anda por demais comprido! E depois de perder as rédeas, ninguém mais pega o animal!
Não sejamos ingênuos: futebol é "bang bang" sem mocinho! Vamos parar de tratar homens como se fossem freiras.
abraço