quinta-feira, 22 de maio de 2008

Vou torcer pro Grêmio bebendo Kronembier...

Apesar da desconfiança com o time, o domingo de sol convidava a torcida de tricolor a comparecer em massa ao Olímpico para assistir a mais um clássico contra o Flamengo. Público estimado de 40 mil torcedores. Primeiro jogo após o canetaço da CBF proibindo a venda de bebidas alcoólicas nos estádios brasileiros. Lamentável.

A proibição faz parte do Protocolo de Intenções (que politicagem) sobre combate à violência e segurança nos estádios, assinado em 25/04/2008 pelo eterno presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público (CNPG), Marfan Vieira, profundos estudiosos do comportamento do torcedor. Acho intrigante que a medida tenha partido do dirigente de uma entidade que há algumas Copas atrás vinculava a “adorada” seleção a um comercial de cerveja e assistíamos suas estrelas comemorando os gols com o dedo erguido, pedindo mais uma. Será que irão proibir os comerciais de cerveja nos intervalos dos jogos? A Lei Seca também prevalecerá no camarote vip dos globais no Maracanã?

Em março, a Assembléia Legislativa do RS já havia aprovado a proibição da venda de bebidas alcoólicas em estádios. O projeto de lei foi proposto pelo deputado Miki Breier (PSB), que deve ter publicado diversos artigos relacionando a bebida à violência e freqüentador assíduo das canchas de futebol. Entre outros, o deputado também elaborou outra lei relevante, a que “disciplina” a comercialização de lanches e bebidas nas escolas. Na visão do político, não se deve educar os cidadãos sobre os benefícios da boa alimentação e deixá-los optar, é preciso podar as liberdades individuais desde cedo. Nossa geração se tornou um bando de assassinos em série e fumantes inveterados por causa das armas de brinquedo e dos cigarros de chocolate, felizmente de venda proibida atualmente.

No Brasil, existe a prática de se adotar medidas paliativas ao invés de resolver o problema. Tornou-se hábito queimar o sofá da sala. Para conter os assaltos em motocicletas, chegaram a propor a proibição do uso de capacetes. Daqui a pouco vamos ter que andar de carroça por causa da violência no trânsito. A violência nos estádios é uma questão de educação e punição. Nunca ouviram falar em câmeras de segurança, identificação dos torcedores, detenção nos dias de jogos, etc.

Na primeira partida sob a sombra da proibição, percebemos que os torcedores chegaram mais cedo ao entorno do estádio e beberam ainda mais para estocar álcool durante o jogo, além do consumo de drogas ilícitas ter aumentado visivelmente. Como sempre, o bom é punido, por causa do comportamento dos maus. A tentativa da venda de cerveja sem álcool, que é intragável, se mostrou ineficaz e as copas ficaram às moscas. Alguém analisou os prejuízos dos vendedores das copas? Quem sabe não liberam o comércio de maconha sem THC dentro dos estádios?

Não adianta, o Brasil continua sendo uma colônia e vemos a tentativa de europeização do nosso futebol. Fala-se em profissionalismo, estádios no padrão FIFA, pay per view, calendário, campeonato por pontos corridos, enfim, toda essa cantilena. Os preços dos ingressos também imitam os padrões europeus. Entretanto, o mais importante, o espetáculo, segue de terceiro mundo. Em suma, pagamos caro para ver um bando de pernas de pau (ex-jogadores em atividade e um ou outro craque que vai jogar 6 meses pelo clube que o revelou), árbitros incompetentes que truncam o jogo, e ainda não podemos beber.

Já que a culpa da violência são os torcedores, por que não proibi-los de ir aos estádios?

5 comentários:

Anônimo disse...

Grande coluna Kbcinha, realmente é bizarro assistir um jogo com 35 graus na sombra, o Roth no banco, o juiz roubando e não poder nem tomar uma gelada....
O Brasil deve ser o país onde existem mais leis e onde mais elas são descumpridas, até porque são completamente casuísticas.
Essa questão da cerveja é outro desses absurdos legais, se o alcool é tão ruim, então proibe a venda e pronto, agora isso dos estádios, das estradas, postos de gasolina, etc, é a típica solução mágica que só serve para deputados, picaretas e similares aparecerem.

Anônimo disse...

Juntem-se a mim na abstinência! Todos Gremistas e grávidos.

Anônimo disse...

Além de todos os disparates conceituais, morais, legais e institucionais que essa medida implica; há o problema do gosto da cerveja. É muito ruim!!!!!
Tomar cerveja sem alcool deve ser como transar com uma mulher inflável.

Valtinho Gremista disse...

Torcedor que é torcedor não precisa de combustível aditivado para "agüentar" o seu time. O apoio tem que sair da corrente sanguínea e não etílica. Vou torcer pro Grêmio bebendo água mineral....

Anônimo disse...

bem, agora é possível torcer para o Grêmio bebendo a própria água mineral do Grêmio. :-))
www.aguamineraldogremio.com.br
o produto é oficial e uma parte da venda vai para o tricolor